terça-feira, 28 de junho de 2011

Aroma permanente


As mãos trêmulas não conseguem digitar com coerência... O corpo entra num estado de esplendor.


O estômago ameça uma reviravolta, evita dar alguns passos... Respira fundo e atravessa aquele corredor que tanto teme. Ela está lá, sentada em sua mesa com o cabelo em trança embutida... Seus olhos marejam... Não consegue observar a roupa que ela está usando. Por que tanta excitação? A sensação de bem-estar perpassam suas veias...


O presente sem embrulho. Os dois abraços e o beijo rosto a rosto... O perfume exala e entra pelos poros... Seu cheiro no corpo... Sua estrutura se abala com os tremores.


O sorriso. Seus lábios se alargam para recepcionar a alegria que vem, o sorriso dela enche o mundo da personagem de momentos múltiplos. Não visualiza a bota nem o piano, experimenta a realidade que lhe é mostrada naqueles instantes... Sua imaginação não flui, seu corpo fica estático recordando de cada detalhe daquele abraço...


"Quem dirá que o que ela sente é desejo?

Quem dirá que isso pode se acabar?

As primaveras chegam

E o inverno a aquece."


A personagem ainda treme. O coração tenta se acalmar. O dia começa com um brilho que a deixa extasiada... E a realidade a assoma, mas seu "mundo" não se desfaz...


"Deixa-me permanecer

Nesta casca que me protege

Deixa-me viver

Como me apetece."

terça-feira, 7 de junho de 2011

Despertaste...

Fernanda despertaste daquele sono que parecia eterno, seus olhos levantaram singelamente, as pálpebras ainda cansadas abriram suas janelas para o dia que amanhecia. O corpo adormecido não sentia as mãos que se agitavam, no peito não batia nenhum desejo incontrolável... de repente...


O impacto. A roupa preta, a camiseta branca com detalhes no pulso. O vermelho no colo. As botas pretas e a panturrilha à vista, a pele alva. O deslumbramento. Os olhos ofuscam com a altivez. A imagem. Os detalhes. A partitura que compõe a bela ópera.


A comédia de Aristófanes torna-se mais cômica, o riso brota dos lábios de Fernanda... As nuvens... Flutua, caminha nas nuvens brancas contemplando a Afrodite dos seus sonhos. O esplendor que irradia dos seus fios machucam suavemente os seus olhares impuros... presente de Medeia.




Fernanda em seu sonho mais desperto guarda a imagem desta manhã... a bella donna com suas vestes de outono... o sorriso, o brilho daqueles lábios tão desejados... a fisionomia... mulher que acorda o leão adormecido... que resgata do sono mais profundo... SEUS INSTINTOS...