Depois de tanto se calar a menina volta a pronunciar aquelas palavras que estavam esquecidas... os erros na fala são constantes, o corretor ortográfico não cumpre sua função e o seu diploma quase em mãos não é honrado pelo vocabulário que utiliza...
O que aconteceu?
As férias da fala e o incessante teclar a fizeram perder o sentido... as revistas de cruzadas e caça-palavras não surtem o mesmo efeito para ela... sua memória se esvai... hábitat vira ábitat, ruffles – rufos, impressão – opção, público – púplico, fogão não tem mais nome e as outras palavras perdem o sentido natural... a menina torna-se chacota dos amigos, mas não se importa...
O medo de falar provoca gagueira nela... tropeça, entristece por segundos... reflete sobre seu futuro acadêmico e não vê nenhuma aptidão para a pesquisa, para o ensino... crê que o mundo literário é quem vai lhe acolher nos momentos mais difíceis... é a piada de si mesma, seus atos são contos, crônicas da vida diária... talvez algum dia tire proveito disso...
Talvez ela esteja um pouco ressentida... reprimida por algo ou algum momento... talvez ela esteja enganada sobre ela mesma, sobre seu futuro presente... talvez esteja só naqueles momentos tristes de toda mulher...
A menina mantém-se calada e fica à espreita do próximo ataque, pronta para gritar o mundo que está dentro de si... libertar as palavras erradas e tudo de errado que lhe acolhe.
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