segunda-feira, 14 de março de 2011

Olhares que cercam...


Ela estava lá, cercada com seus comprimidos e neuras, na mais perfeita paz dos seus dias de estudante. O que se esperava que acontecesse?

Os olhos brotaram de uma árvore, um olhar fuzilante... foram jogadas lágrimas para afastar o mal, mas ele já havia impregnado seu hábitat.

Caminhante ela seguiu seu rumo... na mais perfeita calma, mas em seu rosto estavam as marcas de lágrimas que escorreram... gotículas que mais pareciam sangue, a dor era tanta e ela aguentava sem reclamar.

Como alguém pode ser tão traiçoeiro? As pernas ficaram bambas, suas conquistas tornaram-se tão distantes... e os olhos macabros a consumiam... não fez nenhum mal aparente, mas o que a matava?

Rendeu-se... seguiu a mensagem do seu interior... caminhou e caminhou... tratou o mal que a consumia de uma forma ímpar... perdeu-se em pensamentos, mas não deixou-se dominar... os olhos escondidos entre olhares simpáticos e amigos foi perdendo a consistência... o que antes era visto como atos comuns tornou-se um empecilho para o bem-estar...

No mar mergulhou e sentiu os sais entrarem pelos poros, a pele queimou e matou o que ainda existia de ações falhas... entre as ondas se perdeu... encontrou o mal que a encarava sem dó, perdoou, mas tomou atitudes drásticas para enfim ter a paz que tanto buscava...

Ela estava lá e ainda está, cercada de vida e de pessoas que se importam, amigos que de alguma forma afastam os males que insistem encontrá-la...

O que fez para merecer esses olhos invejosos? Seu santo certamente é tão forte quanto ela para colocá-los em seu caminho, somente alguém tão cheio de vida e de compreensão como ela para conseguir suportar esses desafios.

As lágrimas correm, mas está ali... firme, pronta para o ataque, com peões e estrategistas, dignos de uma Rainha!

Vingança não seja feita àqueles que cometem o mal sem saber, porém dê a eles pensamentos verdadeiros e seus, para não enxergar no outro o que quer ser pra si, para não despertar o sentimento ruim que brota de olhos invejosos...

sexta-feira, 11 de março de 2011

Pensamentos mórbidos



Menina não me olhe assim, desse jeito vai machucar seu frágil coração...

A música de plano de fundo, o fundo de sua alma tão sombria... os olhos desejosos de um corpo inerte... necrofilia talvez... O que Álvares de Azevedo diria dela? Vai fundo minha donzela... continue com esses prazeres mundanos... fará mal a ti, mas explorará seus sentidos mais ambíguos...

Os olhos fechados e com olheiras vermelhas e roxas, a pele fria... aproxime-se. Não diga que tem medo porque sei que não tem... beije aquele face morta que tanto desejou...

Imóvel... mãos frias e não mais acolhedoras... eu quero-a... não é uma vampira dos novos e antigos romances juvenis... é um ser morto dos seus pensamentos...
Entrelaçados naquele momento em que os corpos se fundirião... uma fusão ilícita...

Menina que se fere com os desejos impróprios... a vontade de ter aquele ser junto ao seu... ser que já morreu em seus sonhos, mulher que não mais visita sua mente sã... diga-me que não quer morrer assim... inevitável se foi de seus sonhos e de uma realidade que nunca existiu...

A menina fecha os olhos, percorre com uma de suas mãos o seu corpo, deixando-se no seu sexo... sente o corpo reagir aos seus toques... abre os olhos e lembra... fecha novamente e excita-se com as lembranças que ficaram.... as lágrimas escorrem e adormece...

terça-feira, 1 de março de 2011

Palavras perdidas



Depois de tanto se calar a menina volta a pronunciar aquelas palavras que estavam esquecidas... os erros na fala são constantes, o corretor ortográfico não cumpre sua função e o seu diploma quase em mãos não é honrado pelo vocabulário que utiliza...


O que aconteceu?


As férias da fala e o incessante teclar a fizeram perder o sentido... as revistas de cruzadas e caça-palavras não surtem o mesmo efeito para ela... sua memória se esvai... hábitat vira ábitat, ruffles – rufos, impressão – opção, público – púplico, fogão não tem mais nome e as outras palavras perdem o sentido natural... a menina torna-se chacota dos amigos, mas não se importa...




O medo de falar provoca gagueira nela... tropeça, entristece por segundos... reflete sobre seu futuro acadêmico e não vê nenhuma aptidão para a pesquisa, para o ensino... crê que o mundo literário é quem vai lhe acolher nos momentos mais difíceis... é a piada de si mesma, seus atos são contos, crônicas da vida diária... talvez algum dia tire proveito disso...


Talvez ela esteja um pouco ressentida... reprimida por algo ou algum momento... talvez ela esteja enganada sobre ela mesma, sobre seu futuro presente... talvez esteja só naqueles momentos tristes de toda mulher...

A menina mantém-se calada e fica à espreita do próximo ataque, pronta para gritar o mundo que está dentro de si... libertar as palavras erradas e tudo de errado que lhe acolhe.