As mãos trêmulas não conseguem digitar com coerência... O corpo entra num estado de esplendor.
O estômago ameça uma reviravolta, evita dar alguns passos... Respira fundo e atravessa aquele corredor que tanto teme. Ela está lá, sentada em sua mesa com o cabelo em trança embutida... Seus olhos marejam... Não consegue observar a roupa que ela está usando. Por que tanta excitação? A sensação de bem-estar perpassam suas veias...
O presente sem embrulho. Os dois abraços e o beijo rosto a rosto... O perfume exala e entra pelos poros... Seu cheiro no corpo... Sua estrutura se abala com os tremores.
O sorriso. Seus lábios se alargam para recepcionar a alegria que vem, o sorriso dela enche o mundo da personagem de momentos múltiplos. Não visualiza a bota nem o piano, experimenta a realidade que lhe é mostrada naqueles instantes... Sua imaginação não flui, seu corpo fica estático recordando de cada detalhe daquele abraço...
"Quem dirá que o que ela sente é desejo?
Quem dirá que isso pode se acabar?
As primaveras chegam
E o inverno a aquece."
A personagem ainda treme. O coração tenta se acalmar. O dia começa com um brilho que a deixa extasiada... E a realidade a assoma, mas seu "mundo" não se desfaz...
"Deixa-me permanecer
Nesta casca que me protege
Deixa-me viver
Como me apetece."