domingo, 23 de outubro de 2011

Ipanema

As ondas estão vindo
Traiçoeiras e hipnotizadoras
Chegarão aos meus pés
Suas lágrimas voluptuosas?

Os cachos já brancos
Apresentam-se agressivamente
Ao redor estão os montes
Aprecia-se Ipanema.

O amigo que aquece
Esconde o sorriso
O gélido anda sem rumo
Percorre o pincelado
Branco e azul
Do infinito.

Vem espumoso elixir
Transmitir suas energias
Deixe-me encontrá-lo
Oferendar a ti
Os filhos que fecundaste
No fim desta tarde.

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Inspirações acadêmicas


Eis aqui as dúvidas que a cercam. Qual beleza não relatar nestas linhas sem causar um frisson, um desconforto àquelas que se completam?

Opostos. Cabelos cacheados e alguns fios grisalhos. Cabelos lisos e grisalhos. Jovialidade. Um sorriso e uma gargalhada descontraída. Gestos espalhafatosos, trajes originais e instigantes. Instiga o desejo de escrever e descrever a sensualidade que brota de suas vestes, de seus atos, andares, concentração. Passagens. A beleza que não compete a seus olhos. Um personagem construído de saberes conhecidos. Movimentos que revelam a sexualidade aparente. O manto preto e cabelos de algum personagem cinematográfico. Descobrimento.

Escreve. O perfil não é revelado. A moça se rebela numa poltrona. É ele! O sorriso. A mão esquerda alivia as tensões, o cabelo é acariciado. Deixa-se na poltrona.

Descreve. De perfil. As costas à mostra. Pernas cruzadas, joelhos à vista. O vestido lhe cai muito bem. Os olhos receosos observam com cuidado... Uma personagem de sonhos inspiratórios.

Frisson. Admirar além do nosso controle. A inteligência e a beleza de seres conflituam-se constantemente.
A realidade. Duas instâncias. A escritura eterniza momentos cristalizantes. Inspiração.

Completude. Eis ao lado àquela que realiza. Eis o não ilusório e indagante ser que explora. Passagens.



Desconforto. Escritura. Vida. Planos que constituem o que sente, o que vive e transfiguram-se.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Aurora Perfilada



Anoitece. Os olhos fitam a pele envelhecida pelo tempo. Qual mundo mergulhaste? Passado. Infiltra no inconsciente dos seus atos e anseios. Cuidado.
O interior por seus olhos. Inconstantes. A delicadeza de passos aventurando-se por essas relvas selvagens. Mãos de titânio. Corpo inerte, alma receosa em dar um passo teoricamente em falso. Medo?
Telas. Quadros de momentos válidos. Valor? O preço de um segredo... Coração bombardeando as veias que ligam ambos os mundos em que habitas... Relvas verdejantes, riacho... ligamentos, conexões entre as linhas de uma estrutura.
Perfilhamentos. Obstáculos entre os lábios. Marcas. O constante entra e sai interfere na ligação entre Fernanda e seu mundo à parte.
Beleza. És incomum. Tua beleza exala pelos poros o anseio... Indecifrável. Pernas estiradas em seus desafios diários, caminhas para ela dia após dia... Braços cruzados no peito. Proteção? Cansaço. Os lábios dialogam, o órgão semi úmido deseja matar a sede... línguas dizem... Beije-me.
Caminhos. Os toques que não se tocam devido à temporalidade do tempo.
Enlaça. A mão direita acariciando o ombro. Conforto. Olhares que revelam e insistem em não tirar o manto de algumas sombras...
Obstáculos. No pico de uma colina desvela-se. Ladeira.
Amanhece. Os olhos fitam a pele envelhecida. Indaga-se. Eis aí a mulher dos seus olhos, os estereótipos quebrados. A personagem que diz: sou real e sei sentir.

quinta-feira, 22 de setembro de 2011

Palpite



Sentes o que sinto agora?
A chuva...
As gotículas de suor...
Os olhos dilatados...
O sol mais ardente...

Imaginas o que era real
A meus olhos?
O ar mais fresco...
As árvores mais viçosas...
O horizonte mais contemplativo...

Crês no que podemos nos oferecer?
Momentos... instantes...
Problemáticas constantes...

De joelhos Fernanda se rende. Os caprichos dos seus sonhos são tão clarismáticos... a pele queima o coração aparentemente frio...o choque térmico provocado pelos corpos contrários ocasiona curtos-circuitos múltiplos.
Sonha. A roupa úmida. O lençol jogado ao chão. A cama vazia. Ao canto se encontra encolhida, presa em seus pensamentos. Moça bonita.
Fernanda ri de soslaio. Ela está ali a esperando. Para quê? A viagem é longa...
A trilha sonora. A calmaria. O êxtase. Dança na viagem que quis desbravar. O sorriso aumenta, os olhos dilatam ainda mais. Sua estrutura fisica se abala. Venha. Leve-me por esses caminhos...
Caminhos? Eis aqui a incógnita de Fernanda.

terça-feira, 30 de agosto de 2011

Tremulando reflexões


As mãos trêmulas. Sempre trêmulas. Por que não exprime por meio de lágrimas suas angústias? O coração duro. A rocha intacta. Quem és tu?

Medo. Teme o suspiro do vento. Teme a voz indagadora dos sentidos desconexos. Por que não assume sua fraqueza?

Noite em claro. Dormirá sozinha como outras noites antes da minha chegada. Criança. O pega-pega a pegou de jeito, o jogo tornou-se sério e verdadeiro.

O verbo. Conjugou sem medidas, não se arrepende, mas sofre... Eis a prova da vida.


Bailaste a dança

Mais insegura que conhecia

Se sofre agora, agradeça

Há alguém que te estima.


Mulher. És tão confusa e imprevisível, não crie esperanças nem alimente algo que não frutifica.

Ela não tem ninguém e jamais terá, eis a sina de uma dramática que persistirá.


Criou um mundo

Promoveu indagações

A ironia aparente

É o reflexo de sua mente.


Dorme criança imatura, acordarás com outros pensamentos... talvez bons, talvez ruins... mas sempre ambíguos e estridentes.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Despertar de um sonho



Despertar de um sonho


O corpo seminu

Descobrindo-se...

Mãos ainda meninas

Acariciando-na...


No leito encontra-se a bela

Mulher dos devaneios claros

Na sua completude e simplicidade

Entregue aos momentos desejáveis.


Olhos semicerrados à espera

De um amanhecer inesperado

Respiração compassada

Receptora de beijos e abraços.


Estrutura frágil e complexa

Mulher X e misteriosa

Entre suas montanhas correm

O riacho,

Seus prazeres inexplicáveis...


Desperta-se de um sonho

Mais real que o ilusório

A consciência permite

A felicidade dos corpos.

quinta-feira, 18 de agosto de 2011

De volta ao lar


O ônibus desce a Avenida Brasília e eu já acordo, vejo o Bola 7, a Federal e outros estabelecimentos que eu não conhecia ou me fugiram o nome, transporto-me para um livro de Ganymedes José que estudei na 8ª série no IE de 2004, lá ele contava a história de Marília de Dirceu e a famosa Ladeira da Saudade onde os apaixonados se encontravam, a minha Ladeira é Av. Brasília, onde volto apaixonada por minha querida cidade.

Ao chegar a rodoviária numa madrugada me deparo com uma cidade vazia, um silêncio que desperta minha curiosidade: por que Araçatuba dorme tanto? Desço novamente a Ladeira e sigo pela Pompeu, antes da traseira de uma bicicleta e agora no banco de trás de um carro. Observo a fachada do Araçatuba Shopping, a reforma do córrego e o silêncio. Saio do centro e me adentro pelos bairros Icaray e Jussara, passo pela passarela que agora está segura e engaiolada. As lembranças veem à mente, as idas e vindas da escola, os “quase” acidentes ocorridos pelo trânsito de motos em lugares indevidos. Avisto o Supermercado Rondon que cresceu com os meus pais; recordo-me dos vários sorvetes e churros degustados depois de uma compra mensal.

Adentro-me para o seio da minha família, vejo a igreja Nossa Senhora de Fátima onde fiz minha Crisma, passo pela rua São Francisco onde uma tia mora e onde passei momentos maravilhosos. Sigo por uma rua principal que liga o Jussara com o Lago Azul, avisto a granja onde buscava ovos com meu pai nas manhãs de sábado, o pasto que continua o mesmo, mas ao fundo vejo as “torres” da Fábrica da Nestlé.

Ao entrar no bairro da minha infância me deparo com outro em expansão, um que não sei o nome, mas já é composto por muitas casas e histórias que me são alheias.

Vejo a igreja de minha primeira comunhão, lembro-me das leituras que fazia quando frequentava os bancos dela; avisto duas escolas a “Antonio Rodrigues Martins Neto” e “Mariana Guedes Tibbagy”... as lágrimas correm... Recordo-me dos dias de berçário, parquinho e cadeiras, metade da minha vida passei nelas.

Na minha rua não vejo mais tantas árvores como antigamente, não há tantas crianças brincando, talvez estejam em frente a tela de um computador, assim como eu também estaria... Lembranças dos campeonatos de futebol que fazíamos, das tabelas de basquete em frente de casa, do barbante que ligava um portão ao outro para jogarmos vôlei, da tevê na calçada e o sofá no asfalto para vermos a Copa do Mundo de 2002.

Procuro a chave do portão, grito “O de casa” minha mãe vem correndo e me dá AQUELE abraço apertado, é difícil não deixar as lágrimas escorrerem... ela me avalia e pergunta se estou com fome, diz que meu pai fez a ábobora cabochã com carne seca como eu havia pedido, eu ainda estática a observo e meus olhos expressam o amor que eu havia negado na minha tenra infância.

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Depressões


Ela senta diante de um trono incerto... a cama desfeita... o edredon amassado num canto ilustra a noite em que passaram juntas... o quarto com seu olor de corpos esgotados...

O sono aparente... Sua estrutura se finda em qualquer toque... o corpo desmorona como cristal... Arranha-céu... onde estará o inalcançável? Vê diante de um espelho a imagem dela... desfalece...

Entrega-se...

A lágrima contida sem motivo aparente. Os anos passam...

Diante de uma janela ela observa a vegetação. Não há nada além de quadros e estruturas metálicas... onde estará?

Fernanda está feliz, está se sentindo completa... e por que se porta dessa forma? Será o spleen de Álvares que a assolou? Não vês que tudo isso é fruto de sua imaginação?

Estirada na cama observa a menina que um dia foi... Sentes saudades de uma infância que não mais lembra como deveria? Sentes falta do carinho diário e da melancolia constante dos seus 15 anos? Não... Sim... Não... Sim... Talvez...

Quem és? Quem serás? Ela não sabe... mas sua vida está só começando...

Fernanda? Beatriz? Não... instantes...