Fernanda não sabe sentir-se caladamente. Seus olhos gritam de raiva, de sono, de amor. Seu cérebro gira e gira e gira e nada torna-se esclarecedor. Deseja ficar longe, isolar-se novamente para não fitar ninguém e destruir... Fernanda não sabe o quanto é doloroso fechar os olhos e não ver nada, querer e não poder.
Nossa personagem fecha-se. A carapaça que a recobre continua firme e imóvel. O peso em suas costas alerta que não está bem. Ela não está no seu humor fictício, a bipolaridade ativa-se novamente. Ela desaparece.
Fernanda sente-se dolorida. Sente-se poeticamente afetada por um medo, um momento que não pode ser evitado. Ela dorme no sonho real e limpa de sua mente as frustrações, pelo menos as momentâneas.
Ela não sabe sentir-se completamente sã, seus gestos denunciam sua mente transmutada. Fernanda não mais engana as aflições que assolam-na...
Não consigo dormir.
Imagino-a
Com seus pés suaves
Recostados na sandália preta
Contrastando com sua pele branca,
Alva.
O simples cerrar de pálpebras
Faz-me imaginá-la
Em pose, diante de mim
Sorrindo-me...
Desejando-me...
Não consigo dormir.
As indagações sobre a realidade
Entristecem-me...
Penso nela para sorrir
Mas nem isso agora
Faz-me feliz...
O vestido cor de abóbora
Transforma os meus sentidos,
Ela fica em primeiro plano
Acelera assim
Os meus batimentos cardíacos.
As pernas cruzadas
E alinhadas sensualemente
Faz-me ir ao céu e inferno
Experimentar sensações múltiplas
Gozar da luxúria
Contemplando-a sem precedentes...
O conjunto da obra
Da mulher que extasia
Faz-me perder a razão,
Quem dera se fosse possível
Controlar o que assola
E trasmuta a perfeição...