segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Partículas dispersas



Os anos se passaram, o tempo mudou, as pessoas mudaram e tomaram decisões. Finalmente posso dizer que decidi o que é melhor pra mim, resolvi deixar o sentimento que me consome, deixar um amor que era a minha vida.


Fernanda por que acreditou nessas coisas que te disseram esse tempo todo? Por que procurou algo que não era para ser seu? O que você fez com você? Destruições. Transmutações. Vitórias. Derrotas. Acreditei que ia ser Pra Sempre, fui uma sonhadora, e agora sofro, sofres porque não soube pensar com a razão.


Ela esperava essas lágrimas escorrerem pela pele queimada do sol... ela não ia dormir mesmo. Não aguentaria fechar os olhos e sonhar com os sonhos que sonhava de um futuro juntas... De olhos abertos, de coração partido encontra uma fragilidade mais forte, mais estável que poderá suportar. Agora ela sabe que precisa superar, precisa esquecer. O tempo vai curar todas essas feridas. Paciência. Esperança. As partículas estão dispersas... o suor. O tempo. O TEMPO. Ela vai se reerguer e abrir as portas para um vida nova, renovada.



Fugir.


Esconder-se.


Voltar pra si.


Afastar-se.


Reencontrar-se.


Abrir os braços.


Viver uma amizade pura.




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Tu morres


Como cada partícula do meu corpo


Tu morres


Como cada esperança que tive.




Tu morres


Finalmente na minha vida


Tu morres


Para tornar-se outra.




Tu morres


Tu vives


Tu me libertas.




quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Suspiro de uma alma




A história começa com o simples suspiro, o sussurro de uma alma... divagante...



Fernanda caminhava por um campo abstrato onde viam-se figuras geométricas sobrevoando o espaço em que ficava estacionada. Ela admirava esses objetos incertos e se perguntava “onde estou? O que essas imagens significam pra mim?”.



A personagem estava “ambiguosamente” confusa... criava personagens distintos de sua forma de pensar e seu modo e razão de existir. Fernanda não sabia se jogava-se pelas escadarias do apartamento vizinho, típico de alguma literatura que nunca havia lido. Ela estava tão intensamente ligada naquele espaço que a fazia flutuar... ela simplesmente queria pegar qualquer ser estático e jogar em outro e fazê-lo explodir, cair em pedaços pelo chão encharcado de sangue humano, de estados fisiológicos...




Fernanda está sem ar, está asfixiada no plano que resolveu viver... perder-se em devaneio, em distúrbios psicológicos que ainda estão pra conhecer... Ela está semi-morta, dentro de uma alma que continua viva. Semi-viva. Talvez.

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Deixe-me...

Alguns anos se passaram e eu ainda estou aqui, entregue à essa tecnologia que me vicia todos os dias... Conseguirei viver sem a internet? Sem a íntima ligação entre um NÓS que não existe há muito tempo?



A criança não abre mais os olhos, o que vai enxergar? Um mundo de mediocridade, de desejos, de sonhos vãos? A criança não sente suas mãos, mas brinca com as bonecas humanas que a cercam... Será que isso é suficiente para curá-la desse mal? A criança não chora, a criança é tão duramente deplorável... É um inseto que come do veneno e morre aos poucos... é o rato que devora um queijo maldito, para saciá-lo, para alimentar o que o constitui... A criança não é humana... Foi ao encontro da medusa que a transformou em pedra... deixou-se cair pelo canto das sereias e está morrendo afogada... águas saem pelos seus poros... jorra... a fonte seca... suas veias transbordam... O corpo esgota-se...

O que fazer com essa alegria constante em meus lábios? Meu sorriso é contagiante como o ódio que às vezes invade meu peito... Polaridade que incomoda membros mais próximos... O amor que sente é tão poderoso e inevitável... A raiva vem e passa e machuca e transforma...

Deixe-me dizer o que me afligue... São aqueles belos pares de pensamentos... aqueles sensatos e libidinosos... força tão intensa que me faz pensar em cenas... em momentos que nunca hão de existir... São mentes que me saciam e me metamorfoseiam...